Terceiros Anos - Colégio Padrão, Mossoró.
A Expansão Imperialista do século XIX
Definição de imperialismo
“Essa expansão deu inicio a chamada fase imperialista do capitalismo, da qual participaria a maioria das nações industrializadas. Uma das formas adotadas pelo imperialismo nessa expansão foi a partilha da áfrica e da Ásia, a criação de áreas de influencia em diversas regiões do planeta e a formação de novos impérios coloniais. A essa forma especifica de dominação imperialista se deu o nome de neocolonialismo”. (PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática, 2002, p. 226).
Imperialismo: a supremacia inglesa na Era Vitoriana
A indiscutível supremacia da Inglaterra – na Europa do século XIX atingiu seu apogeu entre 1850 e 1875. O país, que havia iniciado sua Revolução Industrial mais de cem anos antes, colocou-se quase um século na frente dos demais Estados europeus. Somente na segunda metade do século XIX foi que França, Itália e Alemanha começaram a avançar, mas não o suficiente para abalar a hegemonia inglesa.
A Inglaterra enviava homens, capitais, carvão, tecidos e máquinas para o mundo inteiro. A supremacia naval completava a supremacia econômica. As camadas médias prosperavam, e seu papel político ganhava importância. Londres era a maior cidade do mundo, e o Parlamentarismo, um regime político estável, maleável para que as reformas se antecipassem às necessidades sociais. Assim, a Inglaterra evitou as agitações que assolaram a Europa dos fins do século XVIII ao século XIX.
A união de desenvolvimento econômico com progresso social e estabilidade política criou condições para a formação de um vasto império colonial na América, África e Ásia.
A dinastia Hannover, surgida no início do século XVIII, teve na rainha Vitória (1837-1901) o grande símbolo da virtude e da perseverança inglesas. Ela governou o país durante o período de supremacia britânica, por isso mesmo chamado de Era Vitoriana.
Os Motivos da expansão imperialista
As mudanças tecnológicas que caracterizaram a Segunda Revolução Industrial (motores a gasolina, diesel e eletricidade, produção de aço em larga escala) aumentaram ainda mais a produção, gerando uma grande necessidade de mercados consumidores para os excedentes industriais. Além disso, as potencias centrais do capitalismo, precisavam encontrar fontes de matérias-primas (carvão, ferro, petróleo) e de produtos alimentícios que faltavam em suas terras. Também buscavam novas regiões para investir os capitais disponíveis, construindo ferrovias ou explorando minas, por exemplo.
Tal mecanismo era indispensável para aliviar a Europa dos capitais excedentes. Se eles fossem investidos na Europa, agravariam a superprodução e intensificariam a tendência dos países europeus industrializados de adotar medidas protecionistas, fechando seus mercados e tornando a situação ainda mais difícil. Some-se a tudo isso o crescimento acelerado da população européia, necessitada de novas terras para estabelecer-se. No plano político cada Estado europeu estava preocupado em aumentar seus contingentes militares, para fortalecer sua posição entre as demais potências. Possuindo colônias, disporiam de mais recursos e mais homens para seus exércitos. Tal era a política de revanche, característica da França, que buscava compensar as perdas na Europa, especialmente a Alsácia-Lorena, para os alemães. Ter colônias significava ter portos de escala e abastecimento de carvão para os navios mercantes e militares distribuídos pelo planeta.
Já a ação dos missionários religiosos, típica da segunda metade do século XIX, se encaixava em um discurso religioso e cultural que justificava o imperialismo. Eles desejavam converter africanos e asiáticos. Havia gente que considerava mesmo um dever dos europeus espalhar sua civilização entre povos que julgavam primitivos, atrasados e inferiores. Na realidade, além do olhar etnocêntrico e preconceituoso, esse discurso era o pretexto para justificar a colonização e espoliação das áreas dominadas. Foi nesse contexto que assumiu importância um movimento intelectual e pseudo-científico. O desenvolvimento de ideologias racistas que, partindo das teorias de Darwin, afirmavam a superioridade da raça branca: o etnocentrismo, baseado na idéia de que existiam povos superiores a outros (europeus superiores a asiáticos, indígenas e africanos). O darwinismo social interpretava a teoria da evolução a sua maneira errônea, afirmando a hegemonia de alguns sobre outros pela seleção natural. Assim, além de fenômeno político-econômico, o imperialismo teve profunda influência na cultura de sua época. Um exemplo disso foi o poema a “carga do homem branco”, escrito pelo poeta inglês, Rudyard Kipling (1865-1936):
“Tomai o fardo do Homem Branco –
Envia teus melhores filhos
Vão, condenem seus filhos ao exílio
Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônio, metade criança.
Tomai o fardo do Homem Branco –
Continua pacientemente
Encubra-se o terror ameaçador
E veja o espetáculo do orgulho;
Pela fala suave e simples
Explicando centenas de vezes
Procura outro lucro
E outro ganho do trabalho.
Tomai o fardo do Homem Branco –
As guerras selvagens pela paz –
Encha a boca dos Famintos,
E proclama, das doenças, o cessar;
E quando seu objetivo estiver perto
(O fim que todos procuram)
Olha a indolência e loucura pagã
Levando sua esperança ao chão.
Tomai o fardo do Homem Branco –
Sem a mão-de-ferro dos reis,
Mas, sim, servir e limpar –
A história dos comuns.
As portas que não deves entrar
As estradas que não deves passar
Vá, construa-as com a sua vida
E marque-as com a sua morte.
Tomai o fardo do homem branco –
E colha sua antiga recompensa –
A culpa de que farias melhor
O ódio daqueles que você guarda
O grito dos reféns que você ouve
(Ah, devagar!) em direção à luz:
"Porque nos trouxeste da servidão
Nossa amada noite no Egito?"
Tomai o fardo do homem branco –
Vós, não tenteis impedir –
Não clamem alto pela Liberdade
Para esconderem sua fadiga
Porque tudo que desejem ou sussurrem,
Porque serão levados ou farão,
Os povos silenciosos e calados
Seu Deus e tu, medirão.
Tomai o fardo do Homem Branco!
Acabaram-se seus dias de criança
O louro suave e ofertado
O louvor fácil e glorioso
Venha agora, procura sua virilidade
Através de todos os anos ingratos,
Frios, afiados com a sabedoria amada
O julgamento de sua nobreza”.
Assim, sob o pretexto de civilizar, no final do século XIX e começo do XX, os países imperialistas se lançaram numa corrida pela conquista global, o que desencadeou rivalidades entre os mesmos e começou a desenhar a conjuntura da Primeira Guerra Mundial. Uma “nova era imperialista” estava a caminho e nesta era os EUA se tornam o país dominante. No dizer de Eric Hobsbabwm, “A repartição do mundo entre um pequeno numero de Estados foi a expressão mais espetacular que já observamos da crescente divisão do planeta em fortes e fracos, ‘avançados’ e ‘atrasados’. Foi também notavelmente nova. Entre 1876 e 1915, cerca de um quarto da superfície continental do globo foi distribuído ou redistribuído, como colônia, entre meia dúzia de Estados. A Inglaterra aumentou seus territórios em cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados; a França, em cerca de nove; a Alemanha conquistou mais de dois milhões e meio; a Bélgica e a Itália, pouco menos que essa extensão cada uma. Os EUA conquistaram cerca de 250 mil, principalmente da Espanha; o Japão, algo em torno da mesma quantidade, à custa da China, da Rússia e da Coréia. As antigas colônias africanas de Portugal foram ampliadas em 750 mil quilômetros quadrados; a Espanha, mesmo sendo uma perdedora liquida (para os EUA), ainda conseguiu tomar alguns territórios pedregosos no Marrocos e no Saara ocidental. Dentre os Impérios coloniais, apenas o holandês não conseguiu, ou não quis, adquirir novos territórios, salvo por meio da extensão de seu controle efetivo às ilhas indonésias, que há muito ‘possuía’ formalmente”. (HOBSBABWM, Eric. A era dos impérios. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. P. 91).
Características da expansão Imperialista do século XIX:
· Concentração de capitais: Capital industrial + Capital financeiro = associações monopolistas (Holdings, trustes e cartéis) – CAPITALISMO INDUSTRIAL E FINANCEIRO.
· Formas da dominação imperialista:
a) Dominação direta: Ocupação dos cargos governamentais por agentes metropolitanos (colônia), ocupação militar.
b) Dominação indireta (protetorado): Alianças com as elites coloniais, aparente independência política com profunda subordinação econômica.
A partilha imperialista dos mercados periféricos pelas potências capitalistas se deu em três momentos. O primeiro foi a partilha da África, consolidada pela Conferência de Berlim de 1885. Nesta cúpula das potências européias, se desenhou, artificialmente, as fronteiras entre os países africanos segundo o princípio do “dividir para conquistar”, isto é, etnias distintas e rivais foram colocadas num mesmo território de modo a acirrar suas rivalidades e gerar conflitos entre elas. As conseqüências desta política são sentidas até os dias atuais nas violentas e brutais guerras étnico-religiosas que pululam em todo o continente africano.
O segundo momento foi a partilha da Ásia (os maiores mercados do mundo). Este processo foi mais demorado e envolveu também potências não européias, como os EUA, a Rússia e o Japão. O primeiro mercado colocado sob controle imperialista das potências capitalistas foi o Sudeste Asiático ainda no século XVIII, após a Guerra dos Sete Anos (1756-63), entre a Inglaterra e a França: ao final, após a derrota francesa, os ingleses assumiram o controle da Índia enquanto os franceses ficaram com a Indochina.
“Durante muito tempo, a China permaneceu fechada a qualquer influência de outras regiões, sobretudo do ocidente, procurando preservar intacta sua cultura milenar. Até o século XIX, por exemplo, apenas o porto de Cantão estava autorizado a comerciar com o ocidente. Porém, em virtude de suas dimensões continentais, o país era cobiçado pelas nações européias, que aguardavam apenas uma oportunidade para estender seu domínio sobre a região.
Tentando criar essa oportunidade, comerciantes ingleses se dedicavam ao tráfico de uma droga muito consumida pelos chineses: o ópio. A droga sai de Bengala, na Índia, e era introduzida ilegalmente na China, afrontando decisões do governo chinês, que havia proibido sua entrada no país. Para coibir a atividade, a partir de 1839 as autoridades chinesas passaram a apreender e destruir os carregamentos de ópio.
A medida serviu de pretexto para que os ingleses deflagrassem a guerra do ópio (1839-1842). O confronto teve conseqüências desastrosas para a China, que foi obrigada, entre outras exigências, a ceder a ilha de Hong Kong, abrir cinco portos ao comercio exterior e pagar uma indenização de guerra aos ingleses. Mais tarde, o país seria submetido a novas humilhações pela Inglaterra, que provocou duas outras guerras do ópio, em 1856 e 1858. Depois de cada conflito, a China era obrigada a pagar novas indenizações e a abrir outros portos ao comércio inglês. Alguns anos mais tarde, sobreveio a guerra Sino-Japonesa (1894-1895), na qual o país perdeu a Coréia e a ilha de Formosa para o Japão. O pior, entretanto, ainda estava por vir.
A expansão do Japão contrariou os interesses das potencias ocidentais. Alegando que a China era incapaz de se defender, essas nações passaram a competir por concessões territoriais e privilégios econômicos do país. A partir de 1895, a China foi dividida em zonas de influências. Em cada uma delas, uma potência assumiu o direito de comerciar e fazer investimentos, além de contar com a garantia de que a área não seria alienada em favor de outro Estado”. (FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Ática, 2007, p. 257).
O terceiro momento diz respeito aos mercados da América Latina. A maioria dos países latino-americanos eram ex-colônias das coroas ibéricas e tornaram-se independentes politicamente no início do século XIX. A emancipação política, entretanto, não implicou em transformações profundas nas estruturas sociais e econômicas das novas nações. Pelo contrário, a dependência econômica se aprofundou tanto em relação à Inglaterra como aos EUA.
Em vários momentos os povos dominados reagiram ao domínio imperialista promovendo levantes e revoltas contra as potências industriais dominantes. Estes foram os casos da Revolta dos Cipaios de 1857, na Índia, quando soldados indianos integrantes do Exército inglês (os Cipaios) se sublevaram e foram massacrados. Na China, também ocorreram vários levantes; os maiores foram o Levante de Taiping de 1857 e a Guerra dos Boxers de 1902, quando parte da população chinesa reage ao domínio anglo-ocidental e à difusão dos valores culturais ocidentais.
Outro levante importante ocorreu na África do Sul, mas este protagonizado pelos holandeses sul-africanos (Bôeres) contra o avanço imperialista inglês na região, após a descoberta de minas de diamantes e outros minérios. Esta disputa ficou conhecida pelo nome de Guerra dos Bôeres de 1900. Devemos também destacar o crescente fundamentalismo islâmico nos países do Oriente Médio, cujas manifestações mais recentes têm sido os constantes atentados terroristas, em várias partes do mundo, contra “alvos ocidentais”, principalmente, norte-americanos, ingleses e israelitas.
“Nenhum outro aspecto foi tão significativo para o curso da História do século XX como a revolta contra o colonialismo, cuja expansão atingiu seu apogeu no final do século XIX. O impacto dessa reação foi tão poderoso justamente por ter sido tão inesperado. No limiar do século XX, a hegemonia mundial da Europa parecia incontestável. (...) Isso não significa, porém, que o avanço europeu não tenha encontrado resistência. Os franceses tiveram de enfrentar prolongada luta contra os senussi, após ocuparem a Tunísia (no Norte da África), em 1881. As forças expedicionárias italianas vindas da Eritréia (na margem africana do Mar Vermelho) foram derrotadas pelos etíopes, em 1887 e 1896.
Os britânicos sofreram repetidos reveses no Sudão (ao sul do Egito). (...) O povo herero, no sudoeste africano, resistiu obstinadamente ao domínio alemão, com uma grande insurreição em 1904. Os britânicos tiveram de enfrentar resistência aos ashantis, dos matabeles, dos zulus, e de outras tribos africanas. (...)
A força e a extensão de todos esses movimentos de resistência foram constantemente subestimadas. Certamente elas exprimiam um sentimento nacional autêntico, ainda que pouco elaborado. Mas esse nacionalismo – embora verdadeiro e sentido em profundidade – raramente resultou em algo mais que uma explosão negativa de rancor e desespero. (...) O fanatismo não tinha nenhuma eficácia contra os armamentos modernos, e a tentativa de desalojar os odiados europeus pela força foi apenas um ato desesperado. Os incipientes movimentos nacionalistas da Ásia e da África só progrediram quando deixaram de lado o sonho de restauração do passado e se voltaram para uma nova direção, encarando o futuro.”. (BARRACIOUGH, Geoffrey. O Imperialismo e a reação nacionalista. In História do Século XX: 1900-1914. São Paulo, Abril cultural, 1973. P. 287).
Rumo a primeira grande guerra
Ao assumir a forma imperialista, o capitalismo europeu (e norte-americano) conseguiu resolver o problema da existência de excedentes de capital, que passaram a ser reinvestidos na África, Ásia e América latina. Mas gerou, ao mesmo tempo, um estado de tensão permanentemente entre as potencias, dada a repartição desigual das zonas de influencia – A Alemanha e a Itália, particularmente, não ficaram satisfeitas com parte que lhes coube na divisão.
Essas tensões provocariam rupturas no equilíbrio europeu, desencadeando entre as potências européias uma desesperada corrida armamentista que levou à chamada paz armada. O resultado desse processo seria a eclosão, em 1914, da primeira guerra mundial.
nao achei os territorios mais antigos e quais concequencias dessa expançao
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