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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A CRISE DE 1929

A crise de 1929
Os acontecimentos de 1929 foram definidos como uma crise de superprodução, como explica Leo Huberman: “... a crise que começou a existir com o advento do sistema capitalista,... parece parte e parcela do nosso sistema econômico; é caracterizado não pela escassez, mas pela superabundância. Nela os preços, ao invés de subirem, caem.” (Historia da Riqueza do Homem).
Até a Primeira Guerra Mundial, a maior parte do mundo era abastecida por produtos industrializados vindos da Europa, principalmente da Inglaterra. Naquela época, as fábricas dos Estados Unidos produziam para o mercado interno e para outros países da América. Durante a guerra, as empresas estadunidenses passaram a vender para antigos clientes dos europeus. Para aumentar a produção, os industriais fizeram investimentos por meio de empréstimos bancários ou com o lançamento de ações na bolsa de valores. Esse movimento foi acompanhado por empresas de outros países, levando a um aumento da capacidade de produção mundial. Investir no parque industrial nesse período tornou-se um negócio extremamente lucrativo nos EUA, pois a concorrência havia enfraquecido no mercado internacional.
Porém, com o final do conflito, as firmas européias se reconstituíram aos poucos, buscando retomar seus antigos mercados. Mesmo assim, as companhias estadunidenses não paravam de crescer e elas dependiam de mercados externos para vender sua produção. A euforia da economia veio acompanhada por uma forte onda especulativa do mercado financeiro - a esperança no lucro certo das empresas e negócios estadunidenses incentivava a população a investir sua renda na compra de ações. Ao mesmo tempo, a euforia consumista formou uma grande classe média beneficiada pela baixa dos alimentos, a concessão de crédito e o aumento salarial. Uma bela casa recheada com eletrodomésticos e um carro na garagem simbolizavam a vitória do chamado “american way of life” (modo de vida americano).
Assim, os EUA emergem da primeira guerra mundial como maior produtor industrial mundial, maior exportador de capitais e maior credor em nível internacional sem, no entanto, contarem com uma demanda externa que absorvesse o seu excedente produtivo e de capitais obsoletos. Parte das economias européias, antes assoladas pelo conflito da Primeira Guerra, deram sinais claros de recuperação e diminuíram drasticamente sua demanda pela produção norte-americana.
Com o fim da Primeira Guerra, a euforia consumista teve de ser refreada. O ritmo de produção do período de guerra era muito maior do que o suportado por uma economia em tempos de paz. Aos poucos, a diminuição do ritmo de produção e a redução na margem de lucro das empresas foram dando sinais de um processo de recessão da economia dos EUA – o desemprego começou a crescer no país. Não tendo como escoar sua própria produção, as empresas reduziram os gastos com mão-de-obra para equilibrar suas finanças. O cidadão americano, acostumado com a estabilidade econômica, contraiu dívidas com a esperança de pagá-las com o retorno financeiro dado pela especulação na bolsa de valores.
Esse processo desenvolvido ao logo dos anos de 1920, logo apresentou um quadro desastroso à economia dos EUA. O poder de compra do salário reduziu-se drasticamente. A indústria não conseguia escoar a riqueza produzida. No campo, estoques inteiros se acumulavam à espera de preços que, no mínimo, cobrissem as despesas com a produção. Em 1928, mais de 4 milhões de pessoas não tinham trabalho. No ano seguinte, o mercado financeiro deflagrou o golpe final na economia.
Em 1929, a retração da produção e do consumo afastou os cidadãos estadunidenses do mercado financeiro. Nas bolsas de valores, a incessante venda das ações estimulou a queda no valor das mesmas. No mês de outubro a situação alcançou situação alarmante. Sem o interesse na compra, vários especuladores, empresários e cidadãos comuns viram suas ações perderem o seu valor monetário. No dia 24 daquele mês foi anunciado o “crash” (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. Como se diz no Jargão do mercado, “a Bolsa quebrou”. Bilhões de dólares investidos no mercado de ações desapareceram de um dia para o outro. Fortunas construídas através da especulação desmancharam-se no ar como fumaça e milhares de empresas faliram (segundo VICENTINO, 85.000 empresas e 4.000 bancos).
Tinha início o período da Grande Depressão, que só começaria a ser enfrentada em 1933. O ritmo da produção caiu para a metade, milhares de empresas pediram falência, os salários despencaram e uma massa de desvalidos tomou conta das cidades dos Estados Unidos. A crise norte-americana repercutiu no mundo todo (DEPENDENTE DOS CAPITAIS NORTE-AMERICANOS). Nações que tinham dívidas com os EUA suspenderam as importações e as nações agro-exportadoras perderam um dos seus mais importantes mercados consumidores, a exceção foi a URSS que vinha desenvolvendo sua economia sem dependência das finanças externas.
Além de configurar a crise da economia dos EUA, a quebra da bolsa e a grande depressão exigiram a remodelação do sistema econômico capitalista.

O New Deal (1933-1939)
A crise iniciada em 1929 começou a ser combatida em 1933, quando foi eleito Franklin Delano Roosevelt, que baseou sua campanha eleitoral na promessa de atacar a crise. Sua primeira ação foi quebrar os pressupostos do Liberalismo econômico e promover uma intervenção do Estado na economia através de um plano econômico denominado New Deal. A equipe que montou o plano entendia que o Estado deveria fornecer os meios para que as pessoas voltassem a consumir, reaquecendo, assim, a economia. Dessa forma, o salário-desemprego e a formação de frentes de trabalho subvencionadas pelo governo deixavam de ser considerados gastos e passaram a ser entendidos como investimentos.
As medidas adotadas pelo New Deal, para estimular a economia e debelar a crise foram:
· Criação do salário-desemprego.
· Estimulo a atividades que geravam empregos, mas que não resultavam em produção de bens, como a construção ou reparo de obras publicas.
· Aumento dos salários dos trabalhadores de baixa renda.
· Controle dos preços dos produtos de primeira necessidade.
· Empréstimos estatais aos produtores agrícolas arruinados.
O New Deal deu resultado e a economia norte-americana conseguiu se recuperar em apenas dez anos. O plano dos economistas contratados por Roosevelt representou o resgate do Capitalismo através da criação de um novo caminho que incluía a intervenção do Estado para evitar crises e abusos econômicos. Essa idéia central estava fundamentada nas teorias do economista John Maynard Keynes e, por isso, foi batizada de Keynesianismo ou neocapitalismo.
Por outro lado, as nações européias prejudicadas com a crise responderam a seus problemas com a eclosão de movimentos socialistas e o surgimento de governos totalitários. Na Itália e na Alemanha, o movimento nazi-fascista pregava medidas radicais contra a miséria econômica e o caos social. Os movimentos de esquerda ganharam mais força, trazendo o ideário comunista como solução para a crise. Em pouco tempo, uma nova guerra mundial veio discutir o jogo político-econômico internacional.

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