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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CULTURA NO ANTIGO ORIENTE

Cultura no antigo oriente
1) A cultura egípcia
Religiosidade
As idéias e práticas religiosas nasceram do temor e da insegurança humanos diante de uma realidade aterrorizante e inexplicável: inundações, incêndios, tempestades e todos os demais desastres impostos ao Homem pela Natureza, cujas causas eram desconhecidas, levaram a consciência humana a buscar explicações e a promover cultos como forma de afastar os malefícios e os danos causados à Humanidade por um ambiente permanentemente mutável e perigoso. Em todas as religiões, há o conceito de que, na origem dos tempos, prevalecia o caos que, por um ato divino, transformou-se em ordem. Impotente para controlar a natureza, já que não dispunha de meios técnicos sofisticados, o homem primitivo recorria aos mitos e à magia para aquietar sua insegurança. Num primeiro momento, as práticas religiosas cultuavam os animais e as forças da natureza. O símbolo material desse período foi o totem (representação de um animal ou vegetal considerado sagrado). Progressivamente, com o avanço do conhecimento e da técnica, o que permitia maior controle sobre os fenômenos naturais, o homem foi desacreditando desses “deuses naturais”, passando a criar divindades transcendentais (metafísico - aquilo que está no plano divino, além do terreno). Agora, os deuses, que criaram e regulavam a vida humana, passaram a habitar regiões além do universo terreno. No imaginário humano, legiões de deuses povoavam infernos e paraísos idealizados.
Se a origem do fenômeno religioso vem do temor humano, num segundo momento a religião se institucionaliza em seitas organizadas e hierarquizadas. Nesse momento, ela adquire uma outra função: a de legitimar a dominação das elites. O pensador alemão Friedrich Engels dizia que a ideologia é “o cimento do edifício social”. Para dominar a comunidade, as elites usam o poder de polícia do Estado; para que os dominados aceitem a sujeição, eles devem ser convencidos que a dominação é legítima. Aí entra a religião: O faraó tem o direito de exercer o poder por uma determinação divina, portanto trata-se de algo inquestionável. As religiões institucionalizadas geram necessariamente uma casta sacerdotal que, como “funcionários ideológicos” da dominação, ocupa uma posição social privilegiada. Os ritos e cultos praticados pelos sacerdotes, quase sempre mágicos e misteriosos, seduzem as massas e a elas impõem absoluta obediência ao poder das elites e do Estado. Esse foi o papel fundamental da casta sacerdotal egípcia.
A religião egípcia era politeísta, existindo uma série enorme de deuses e divindades menores que eram cultuados pela população. Tendo se originado a partir do totem, o politeísmo egípcio era de cunho antropozoomórfico (divindades cuja representação material era uma mistura de formas humanas e de animais): Anúbis tinha forma de chacal; Ápis era um boi; Hator se concretizava como vaca e Hórus era o falcão protetor do faraó.
De todos os deuses egípcios, o de maior destaque era Amon-Rá, cuja manifestação concreta era o Sol e que legitimava o poder da casta sacerdotal. Fundamentalmente, a religiosidade egípcia tinha duas grandes preocupações: a vida futura e a morte. Exemplo disso é o mito de Osíris, divindade dedicada a erigir tumbas e templos em culto à vida pós-morte. Segundo a lenda, no passado remoto Osíris fora um guia benévolo, que ensinava a seu povo a agricultura e outras artes práticas e lhe ditava leis. Depois de algum tempo foi traiçoeiramente morto por um irmão perverso, Set, e seu corpo feito em pedaços. Sua esposa, Ísis, que também era sua irmã, saiu em busca dos pedaços, juntou-os, e milagrosamente restituiu-lhes a vida. O Deus ressuscitado recuperou seu reino e continuou seu reino beneficente por algum tempo, mas por fim desceu aos infernos para servir como juiz dos mortos. Hórus, seu filho póstumo, ao alcançar a maturidade vingou a morte do pai, matando Set.
Segundo o historiador Edward Mcnall Burns, “A principio essa lenda parece ter sido pouco mais que um mito da natureza. A morte e a ressurreição de Osíris simbolizavam a retirada das águas do Nilo no outono e a volta da inundação na primavera. Com o correr do tempo, porém, a lenda de Osíris começou a assumir um significado mais profundo. As qualidades humanas das divindades nelas contidas – a solicitude paternal de Osíris, pelos súditos, a fiel devoção da esposa e do filho – tocavam a sensibilidade do Egípcio, que assim se tornava capaz de ver suas próprias tribulações e triunfos refletidos na vida dos deuses. Mais importante ainda, a morte e a ressurreição de Osíris passaram a ser vistas como expressão de uma promessa de imortalidade pessoal. Assim como o Deus triunfara sobre a morte e a sepultura, também o individuo que o seguisse fielmente podia herdar a vida imortal. Finalmente, a vitória de Hórus sobre Set parecia prefigurar o triunfo final do bem sobre o mal”. (BURNS, EDWARD McNALL. OP. CIT. P. 27).

A morte na concepção egípcia
No imaginário coletivo egípcio, a morte seria uma viagem para o reino das divindades. Essa jornada deveria ser cuidadosamente planejada para que o morto, principalmente se tivesse posses, conseguisse reunir todas as melhores condições possíveis para viver na eternidade. Assim, os preparativos necessários eram: a edificação de belos túmulos, onde seriam enterrados, além do cadáver, jóias, comida, tecidos finos e alguns escravos para servi-lo no além e, absolutamente fundamental, a mumificação do corpo para preservá-lo. Por essa razão, o Egito criou técnicas extraordinariamente desenvolvidas de embalsamamento levadas à efeito por técnicos altamente especializados. Um dos resultados dessa prática foi o desenvolvimento da medicina egípcia, já que a mumificação pressupõe um bom conhecimento da anatomia e fisiologia humanas. Há relatos de que cirurgiões egípcios chegaram a efetuar, com sucesso, sofisticadas operações cranianas e estomacais.
É nessa concepção de vida após a morte que encontramos o tal “cimento do edifício social” a que se referiu Engels. A vida pós-morte nada mais é que uma continuidade, aperfeiçoada, da vida terrena. Não há subversão da estrutura social no mundo do além – escravos continuam escravos, servos continuam servos e senhores continuam senhores. Somente a não observância das leis de Osíris pode substituir essa situação pelo completo aniquilamento. Vale lembrar que foi o próprio filho de Osíris que se tornou guardião da ordem social, protetor do Faraó e do edifício social que ele representa.

A escrita
No antigo Egito, os escribas eram uma casta privilegiada, pois formavam a burocracia estatal, ou seja, os agentes da dominação. Noutros termos, o mando do faraó sobre a sociedade egípcia era exercido também por meio de cargos burocráticos ocupados pelos escribas, que sabiam ler, escrever e detinham conhecimentos sobre geometria, aritmética e medicina. Seu prestígio social e os privilégios dele decorrentes vinham da posse de um saber especializado. Três eram os alfabetos egípcios:
A escrita hieroglífica - usada pela casta sacerdotal para anotações religiosas em madeira ou papiros (folhas produzidas por tiras de planta).
A escrita hierática - alfabeto religioso que consistia numa simplificação da escrita hieroglífica também utilizado para elaborar anotações de cunho administrativo.
A escrita demótica - escrita popular usada para relatar eventos e comentários da comunidade.

As ciências exatas
O Império egípcio conheceu um grande desenvolvimento da geometria, disciplina científica necessária à mensuração das terras. Além disso, como já havíamos ressaltado os processos de mumificação geraram o desenvolvimento da medicina (anatomia e cirurgia) e da farmacopéia. Os cálculos necessários para a construção de obras públicas fomentaram o raciocínio matemático (Soma, subtração, divisão, sistema decimal sem zero). Dessa forma, encontramos práticas cientificas diretamente condicionadas pelas concepções religiosas dos egípcios e pela necessidade de construção das obras hidráulicas.

As artes
A pintura egípcia, embora desconhecesse a noção de perspectiva, buscou, com talento e beleza, representar deuses, faraós, o esplendor da nobreza e os sucessos militares do novo império.
A escultura foi poderosa auxiliar da arquitetura. Era carregada de regras que lhe determinavam o estilo e o significado. As estatuas do Faraó eram de tamanho colossal e as esfinges, também imensas, serviam para simbolizar a força pessoal do governante e o poder do Estado que ele representava.
A arquitetura, cujos maiores exemplos são os templos de Luxor e Karnac e as pirâmides de Gizé, expressava o poder do Estado faraônico através de formas grandiosas. É precisamente assim que se explica a arquitetura egípcia: na maioria das civilizações em que os interesses do Estado são colocados acima dos de seus membros, a arquitetura tende a ser a mais típica e desenvolvida das artes e o Egito não constitui exceção a essa constatação. Obras como as pirâmides, apesar da função religiosa assumem um sentido nitidamente político quando vistas pela sua grandiosidade – quanto mais poderoso fosse o faraó, maior deveria ser o seu lugar de repouso.

5b) A cultura da Mesopotâmia
Religião
Os povos que habitaram a Mesopotâmia não mostraram grandes preocupações de ordem metafísica ou com a existência de vida pós-morte. Eles eram pragmáticos e basicamente interessados na realidade cotidiana. Embora a religião mesopotâmica, assim como a egípcia, desempenhasse o papel ideológico de legitimar a dominação do Estado e das elites, ela – também de cunho politeísta – visava a obtenção de benefícios materiais imediatos. Não que os mortos deixassem de ser cultuados, mas os ritos funerários eram simples, limitando-se, basicamente, à construção de túmulos seguros e extremamente fechados, já que os mesopotâmicos temiam a volta dos mortos, pois esses provocariam desgraças. Outro elemento diferenciador entre a religião da Mesopotâmia e a do Egito era o fato de que, ao nível do discurso teocrático, no Império do Nilo, o faraó era considerado divindade, enquanto que, na Mesopotâmia, os governantes eram representantes dos deuses.
As divindades sumérias, para as quais eram dedicados templos, oferendas, sacrifícios e alimentos, eram antropomórficas e experimentavam paixões humanas, tais como amor, ódio, ciúmes, etc. Na realidade, ao longo de toda cultura mesopotâmica, o fenômeno religioso derivava de uma preocupação teogônica e cosmogônica (a explicação mítica da origem, respectivamente, dos deuses e do universo). Um dos mais belos poemas cosmogônicos da Antiguidade denominava-se Enuma Elish, pelo qual as divindades e a natureza foram criadas a partir de um caos original que teria gerado Shamash (o Sol), Ishtar (a Lua) e Marduk, o criador da Terra.
Como expressão de uma sociedade agrária, muitos deuses mesopotâmicos, principalmente os da Babilônia, estavam ligados à fertilidade do solo. Exemplo disso é o mito do deus Tamuz, cuja morte teria provocado a paralisação da vida, pois as plantas e os animais deixaram de se reproduzir. Segundo a lenda, sua esposa Ishtar lamentava a beira da tumba, que “aquele que fazia nascer os brotos sobre a terra, já não vive. O rei da força terrestre já não existe”. Em seu desespero, Ishtar desce aos infernos trazendo de volta Tamuz, o que fez reviver a natureza. Os deuses mesopotâmicos também poderiam inspirar nos habitantes um sentimento de terror: “A vida além-túmulo é miserável e os vivos, voltados para o gozo imediato, mal se ocupam dos mortos ou dos túmulos (...) o babilônio teme os deuses (...) um terror constante curva-o diante dos demônios e gênios que podem ser malfeitores...” (PETIT, Paul. História antiga. São Paulo: DIFEL, 1984, p.23).
Outro aspecto interessante da religião mesopotâmica era a ausência de um conteúdo ético. A legislação não derivava de uma visão sacralizada do mundo, mas se manifestava em documentos estritamente políticos e jurídicos, a exemplo do Código de Hamurábi. A carência de um fundamento moral para a religiosidade mesopotâmica explica o fato de que os templos, normalmente, funcionavam como bancos, emprestando dinheiro a juros mediante hipoteca de cereais. Além disso, toda mulher mesopotâmica deveria se prostituir, uma vez na vida, para arrecadar dinheiro para os templos. Outra função da poderosa casta sacerdotal era, mediante o estudo dos movimentos dos astros, elaborar horóscopos, outra invenção mesopotâmica.

Escrita, Literatura e Direito.
A escrita mesopotâmica foi obra dos Sumérios e constituiu-se de sinais pictográficos gravados com estiletes sobre tabletes de argila úmida. Expostos ao calor do sol ou cozido a fogo, os tabletes de argila secavam e endureciam, podendo conservar-se por muitos séculos. Os sulcos se dispunham em forma de cunha e daí a denominação de cuneiforme.
A escrita cuneiforme sumeriana tornou-se a forma de escrita mais difundida no antigo oriente próximo, sendo empregada não só pelas sociedades da Mesopotâmia, mas, inclusive, fora dessa área, na Síria, Palestina, Ásia menor e no Irã. Assim como no Egito, apenas uma minoria (os sacerdotes e escribas) sabiam ler e escrever: deter o monopólio da escrita significava poder. A massa da população era analfabeta.
A cultura mesopotâmica foi uma criação, em grande parte dos sumerianos. Sua literatura, artes e ciência foram assimiladas pelos demais povos da Mesopotâmia. As realizações literárias dos sumerianos consistiram basicamente em poemas e narrativas heróicas. Podemos apontar a epopéia de Gigalmés – primeira narrativa do dilúvio de que se tem noticia -, além de hinos religiosos, contos mitológicos, etc.
No campo do Direito destacaram-se sumerianos e babilônios. O código de Hamurábi, na verdade uma sistematização de antigas leis sumerianas, adaptadas aos costumes babilônicos, representou um dos primeiros documentos jurídicos escritos historicamente comprovado. O código, escrito em língua acadiana, tinha um caráter penal, mas também consistia em uma ampla regulamentação econômico-social: determinava a equivalência entre o crime e os danos segundo a interpretação de que a punição deve corresponder a gravidade do delito cometido (lei do talião), variando a modalidade e a intensidade da pena conforme a categoria ou classe social do infrator e da vítima (desigualdade perante a lei); regulamentava a propriedade privada (o roubo era crime grave) e a herança (direito de primogenitura), as profissões e certas instituições, como casamento e o divorcio; consagrava a pena de morte e dividia a sociedade babilônica em homens livres, subalternos (sem propriedade da terra) e escravos.
Uma cópia do Código de Hamurábi realizada em escrita cuneiforme esculpida sobre um bloco de pedra negra de dois metros de altura, encontra-se atualmente no Museu do Louvre em Paris:
ALGUNS ARTIGOS DO CÓDIGO DE HAMURÁBI
ARTIGO 200 - Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual a ele, arrancarão seu dente.
ARTIGO 201 - Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagará um terço de uma mina de prata.
ARTIGO 202 - Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é superior, será golpeado sessenta vezes diante da assembléia com um chicote de couro de boi.
ARTIGO 229 - Se um pedreiro edificou uma casa para um homem mas não a fortificou e a casa caiu e matou o seu dono, esse pedreiro será morto.
ARTIGO 230 - Se causou a morte do filho do dono da casa, matarão o filho desse pedreiro.
ARTIGO 231 - Se causou a morte do escravo do dono da casa, ele dará ao dono da casa um escravo equivalente.
ARTIGO 232 - Se causou a perda de bens móveis, compensará tudo que fez perder. Além disso, porque não fortificou a casa que construiu e ela caiu, deverá reconstruir a casa que caiu com seus próprios recursos.

Arquitetura, Pintura e Escultura.
Na Mesopotâmia a arte teve as suas bases em realizações sumerianas. Nas construções empregaram argila, ladrilhos e tijolos. O zigurate, torre de vários andares, dispondo de rampas inclinadas que ligavam as várias plataformas, foi a construção característica das cidades-estados sumerianas. No alto erguia-se o templo da divindade local e um nascente observatório astronômico. Além dos zigurates, construíram-se palácios, templos e fortificações.
Obras arquitetônicas também foram construídas fora da realidade cotidiana dos sumérios, a exemplo dos jardins suspensos da babilônia e o portal de Ishtar, construídos no reinado de Nabucodonosor, durante a vigência do império neobabilônico.
Uma Representação dos jardins suspensos da Babilônia
A cultura mesopotâmica conheceu um relativo desenvolvimento das artes plásticas, principalmente pelo fato de que, não havendo interferência religiosa, os artistas tinham plena liberdade de expressão.
A escultura (estatuária e baixo relevo) era fundamentalmente decorativa, assim como a pintura. De modo geral, focalizavam temas religiosos ou guerreiros, com inscrições cuneiformes, exaltando as proezas heróicas dos deuses e governantes. Os baixos-relevos assírios revelam cenas de caçadas ou de batalhas. A estatuaria assíria monumental, mostrava figuras mistas, com corpo de animal e cabeça humana.

Práticas científicas e astrologia
Uma dimensão original da cultura mesopotâmica foi o interesse demonstrado, por parte dos sacerdotes, pelo espaço sideral, ocorrendo um notável progresso no estudo da astronomia, então mesclada com a astrologia. De fato, na Mesopotâmia foram elaborados mapas estelares relativamente precisos e inúmeros calendários, um deles que dividia a semana em sete dias. No ramo da astrologia, que tentava predizer o futuro dos homens, os doze signos do zodíaco eram usados para a elaboração dos horóscopos.
Também a matemática, notadamente a geometria, experimentou um amplo desenvolvimento, já que se fazia necessário a mensuração das terras. Os sumerianos inventaram o sistema sexagemal usado em combinação com o sistema decimal. Organizaram um sistema de pesos e medidas, que permitia calcular o cumprimento, a superfície e o volume dos corpos. Foram encontrados tabletes de argila contendo anotações a respeito de aritmética comercial (juros), equações de 2ºgrau e de geometria (raízes quadradas e cúbicas, o círculo de 360 graus).

A Cultura dos Hebreus
Religião
Da cultura elaborada pelos hebreus, a religião é, sem dúvida, o legado mais importante. O judaísmo tem os seus fundamentos no antigo testamento. Influenciou todas as realizações culturais dos hebreus: do direito à literatura e às artes.
Os dois traços característicos da religião dos hebreus são o monoteísmo (crença no deus único IAVÉ) e o salvacionismo, isto é, crença na vinda de um messias ou salvador para libertar o povo hebreu.
Os sacerdotes desfrutavam de grande poder e prestígio. Detinham o monopólio das funções religiosas, recebiam grandes doações e contribuições em cereal, animais, etc., para seu sustento, e, assim, acumulavam grande riqueza.
A religião dos hebreus era, sobretudo, ética e moral, o que se expressou na lei mosaica – fundamento da aliança celebrada entre Jeová e os hebreus, no monte Sinai, pela mediação de Moises.

Literatura
A maior realização literária dos antigos hebreus foram os livros do velho testamento. A bíblia constitui a principal fonte histórica para o estudo da antiga sociedade hebraica e muitas de suas passagens tem sido confirmadas pelas pesquisas arqueológicas. A bíblia não é apenas uma obra religiosa – nela estão contidas, além de preceitos morais, éticos e jurídicos, narrativas históricas e obras poéticas. Os mitos hebraicos falam da criação do mundo e dos primeiros homens, do dilúvio e outros episódios, apresentando notável semelhança com a tradição babilônica.
A bíblia divide-se em antigo e novo testamento sendo o primeiro um importante legado da antiguidade hebréia. Composto por vários livros, escritos por diversos autores, na sua maioria em antigo hebraico, o antigo testamento pode ser dividido em quatro partes: o Pentateuco, os livros Históricos, os livros Proféticos e os livros didáticos. Para fins de vestibular importa, sobretudo, o conteúdo do Pentateuco.
O Pentateuco é formado pelo conjunto dos cinco primeiros livros cuja autoria é atribuída a Moisés: O Gênese (origem), O Êxodo (libertação do cativeiro egípcio), O Levítico (conjunto de prescrições rituais), Os Números (censo das tribos hebréias) e o Deuteronômio (Historia de Israel). Estes livros formam a base do antigo testamento e contem os preceitos da legislação mosaica, sobressaindo-se o Decálogo (os dez mandamentos).

Arquitetura
O monoteísmo hebraico influenciou todas as realizações culturais dos hebreus. Deve-se destacar a arquitetura, especialmente a construção de templo, muralhas e fortificações. A maior realização arquitetônica foi o templo de Jerusalém, construído no governo de Salomão. Destruído no domínio de Nabucodonosor, foi reconstruído e atingiu o máximo esplendor na época de Herodes, já sob dominação romana.
A Cultura Persa

Religião dualista
As artes plásticas e a arquitetura persas nada tiveram de original, assimilando influências de quase todos os povos da Antiguidade Oriental em conseqüência do expansionismo territorial. Sem dúvida, o traço mais original de sua cultura foi a religião. De início, os persas cultuavam tótens, adorando animais, astros e as forças da natureza.
Segundo a tradição, um personagem semi-lendário, conhecido como Zaratustra ou Zoroastro, instituiu, pelo livro sagrado Zend-Avesta, uma nova religião: o Zoroastrismo. Fundamentalmente o novo culto pregava o conflito dualista entre o Bem, encarnado por AHURA-MAZDA, e o Mal, expresso por ARIMÃ, divindades que disputavam o controle das ações humanas. Os homens que agiam corretamente ajudariam AHURA-MAZDA a vencer ARIMÃ, cujos partidários seriam destruídos no final dos tempos. O Zoroastrismo, também conhecido como Mazdeísmo, legou ao judaísmo e ao cristianismo uma série de preceitos: destacando-se a crença na vinda de um Messias e a dicotomia entre Céu e Inferno. Uma das mais importantes festividades religiosas dos persas era o culto ao deus Mitra (mitraísmo) que se difundiu no Império Romano e, adaptado, passou a ser denominado de Natal.

Literatura religiosa
A principal obra da literatura persa foi o Avesta, livro religioso cuja autoria é atribuída ao semi-lendário Zoroastro, mas, que, sem dúvida, não é obra de um só autor. O Avesta contem princípios religiosos, morais, éticos e filosóficos.
“(...) nas origens primeiras
Há espíritos gêmeos do bem e do mal
No pensamento, na palavra, na ação
Os homens de inteligência sabem escolher entre ambos (...)
O espírito muito santo (...) aliou-se a justiça
E esta mesma aliança procuraram aqueles, que mediante ações honestas
Se esforçaram para enaltecer o sábio senhor.” (Zoroastro, Avesta. Citado por GOTHIER, L. e TROUX, A. l’ antiquité. H. Dessain, Bélgica, S/d, 1977, p.89).

5e) Cultura dos fenícios

Religião
A religião dos fenícios era animista, que consiste em acreditar que os objetos naturais são sagrados e dotados de alma. Assim, para os habitantes da Fenícia, as árvores, as montanhas e todas as coisas da natureza eram dotadas de espírito e paixões. Cada cidade tinha o seu Baal, um deus protetor da vida e da realidade urbana. O Baal de Tiro era Melcart; o de Biblus, Adonis e em Sidon, cultuava-se Eshum. Cartago, colônia fenícia, criou o deus Moloc. Além dos deuses principais, havia divindades menores destinadas a proteger atividades empresariais específicas: as rotas comerciais, os navios, o comércio, o artesanato, etc. Os rituais fenícios, legado cultural da Mesopotâmia, eram sangrentos e quase sempre envolviam sacrifícios humanos, principalmente a morte de crianças. Todos esses cultos, sempre públicos, era oficiados pela casta sacerdotal que participava, junto com a plutocracia local, do governo da cidade.

Legado cultural
Além do aperfeiçoamento das técnicas de navegação e da ampliação do conhecimento geográfico, outra importante contribuição cultural fenícia foi o alfabeto fonético, uma simplificação da escrita hieroglífica egípcia, utilizando 22 letras, que serviria de base para dezenas de outros alfabetos, do grego até os atuais. O motivo da criação desse tipo de alfabeto foi simplificar as anotações sobre operações comerciais, pois não existe, entre os fenícios, nenhuma obra literária digna de menção

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Formação do Estado - Antigo Oriente

O surgimento do Estado no Egito antigo.
Heródoto, o historiador grego, observou que o Egito era “uma dádiva do Nilo”. De início, tal afirmação era plenamente verdadeira, pois o regime das cheias e vazantes do Nilo, rio que nasce no interior da África e desemboca no Mar Mediterrâneo, fertiliza suas margens quando, por volta dos meses de junho e julho, o aumento do volume das águas deposita sedimentos denominados “húmus”. Esse material propicia boas colheitas, favorecendo a sobrevivência humana. Mas, se as cheias, num primeiro momento, favorecem a agricultura, a recorrência delas destrói o plantio. Portanto, o caráter ciclotímico do Nilo tinha de ser domesticado por meio de obras hidráulicas: a construção de canais, aquedutos e barragens. Assim, o Egito não foi somente uma “dádiva do Nilo”, mas, principalmente, fruto da ação humana sobre o Nilo. A necessidade de tais edificações gerou a servidão coletiva que foi a base econômica para o surgimento do Estado.
Pouco a pouco, o trabalho coletivo foi sendo substituído pela propriedade familiar das terras. O desenvolvimento da agricultura e do artesanato extinguiu as comunidades primitivas, calcadas na produção comunitária, e gerou a concentração da propriedade fundiária nas mãos de poderosas famílias que, usando um crescente número de servos, ampliaram suas propriedades e edificaram obras hidráulicas cada vez mais sofisticadas. O reflexo político desse processo foi o aparecimento de aldeias independentes, pequenos reinos, denominadas de Nomos, chefiadas pelos nomarcas. Conflitos de interesses e a necessidade de empreendimentos hidráulicos maiores provocaram um número cada vez maior de guerras entre os Nomos, com a conseqüente anexação dos mais fracos pelos mais poderosos, ocorrendo um processo de crescente centralização. Tais lutas levaram a formação de dois grandes Nomos: o do Sul, denominado Reino do Alto Egito, e o do Norte, o Reino do Baixo Egito. Essa situação prevalece até 3.200 a.C., quando o líder do Sul, Menés, bate as tropas nortistas, tornando-se faraó de um Egito unificado, com a capital situada em Mênfis, no cruzamento de rotas, no sul.
A unidade egípcia, embora tenha durado cerca de dois mil anos, foi, no entanto, precária, rompida sempre por graves crise externas e internas. “O traço de união (...) foi somente a própria pessoa do faraó, Rei do sul e Rei do Norte (...) cada vez que se enfraquecia o poder real, o país tendia a dividir-se novamente em dois reinos ou até, mais fragmentariamente, em nomos”. (adaptada de DRIOTON, E. e VANDIER, J. O Egito e os povos do Mediterrâneo oriental. Coleção Press Universitaires de France, p.43).
O Estado egípcio era uma monarquia despótica em que o soberano era considerado um Deus vivo. Todo o Egito era considerado sua propriedade. Tal tipo de Estado, por sua complexidade, requeria necessariamente, toda uma estrutura ideológica, organizacional e de força sobre a qual o poder do Faraó estivesse assentado. As principais características estruturais do Estado egípcio eram:
O Estado egípcio era uma monarquia despótica em que o soberano era considerado um Deus vivo. Todo o Egito era considerado sua propriedade. Tal tipo de Estado, por sua complexidade, requeria necessariamente, toda uma estrutura ideológica, organizacional e de força sobre a qual o poder do Faraó estivesse assentado. As principais características estruturais do Estado egípcio eram:
· Existência de um corpo profissionalizado de sacerdotes, originados dos círculos aristocráticos, que se encarregavam do culto ao Faraó e outros deuses e que acumulavam grande poder, riqueza e privilégios (isenção de impostos).
· Complexo aparelho burocrático. Com a unificação, os antigos nomos foram transformados em províncias – unidades administrativas – governadas por nomarcas (governadores escolhidos pelo faraó que recolhiam os impostos das aldeias e mobilizavam o exercito). Os escribas realizavam os registros contábeis e administravam o cereal existente no tesouro real. Juntamente com os sacerdotes, os escribas formularam o sistema de escrita participando do monopólio do saber e gozando dos privilégios que cabiam as altas camadas sociais.
· O Exército, profissionalizado e permanente, defendia as fronteiras, mantinha a ordem interna e buscava, em territórios externos, metais (cobre e ouro) e escravos.
Sobre estes três pilares estruturais assentava-se a MONARQUIA TEOCRÁTICA DE CUNHO ARISTOCRÁTICO baseada na servidão coletiva dos camponeses e na exploração, em menor escala, dos escravos.

A formação do Estado na Mesopotâmia.
No Crescente Fértil, floresceu, no mesmo período da implantação e desenvolvimento do Império egípcio, outra “civilização hidráulica”; a mesopotâmia. O termo Mesopotâmia significa “região entre rios”, pois está situada entre os rios Tigre e Eufrates, onde predominavam condições semelhantes às do Egito, pois os dois cursos fluviais propiciavam o desenvolvimento da agropecuária, além de facilitar o transporte de gêneros e a pesca. Em termos geográficos, a área é dividida em Alta Mesopotâmia, que compreende as regiões montanhosas do norte, e a Média e Baixa Mesopotâmia, centro e sul do vale entre o Eufrates e o Tigre. Deve-se ressaltar que enquanto o Egito, protegido pela imensidão e aridez do deserto do Saara, pôde, por séculos, manter um relativo isolamento e, dessa forma, evitar invasões estrangeiras, a Mesopotâmia, território de passagem entre o Mediterrâneo e a Ásia, foi vítima de inúmeras e prolongadas invasões.
Na realidade, a Mesopotâmia foi berço de um processo civilizatório em “camadas”: de início sumérios, depois os acádios, babilônios, assírios e neobabilônios. No Egito, o processo político evoluiu do nomos para a instituição imperial, macro estrutura estatal personificada e encabeçada pelo faraó. Na Mesopotâmia, a unidade política fundamental foi a cidade-estado. Em suma, se no Egito o poder político e a cidadania compreendiam grandes extensões, abrangendo os nomos, aldeias, cidades e um Estado soberano sobre grandes áreas, na Mesopotâmia, a identidade sócio-política era dada pela cidade à qual os indivíduos pertenciam.
Por volta de 10.000 a.C., começaram a ser implantados núcleos urbanos na região, em função de um rápido desenvolvimento de sistemas hidráulicos com os propósitos de evitar inundações, drenar solos pantanosos e armazenar água para os períodos de seca, freqüentes na área. Já por volta de 4.000 a.C., a Mesopotâmia sediou a importante cidade de Uruk, fundada para a proteção militar e controle político da população. Ocorreu, portanto, na região um desenvolvimento do plantio que propiciou uma Revolução Urbana: a existência de excedentes agrícolas possibilitou a formação de cidades. Ao contrário do Egito, onde prevalecia a propriedade estatal da terra, os campos e as cidades mesopotâmicas, desde seus primórdios, conheceram a propriedade privada dos meios de produção, embora em estágio embrionário: “(...) em cada Cidade-estado havia um templo dedicado a divindade principal. Os deuses eram considerados proprietários das terras de cultivo, criadas pelo trabalho coletivo, através da secagem dos pântanos e da irrigação do deserto. Os sacerdotes administravam os templo e também a riqueza dos deuses (terra, gado, metal, escravos) como se fossem propriedade privada”. (AQUINO, Rubim Santos Leão de. OP. CIT. P. 110).
Desde o início, os conflitos sociais e políticos da região tiveram como causa a disputa pela posse das melhores áreas cultiváveis e da água: a obtenção da propriedade era grande preocupação do homem mesopotâmico que, ao contrário do egípcio, não tinha grandes preocupações com a vida pós-morte mas sim com a realidade presente. A ganância e o imediatismo, valores máximos da sociedade mesopotâmica, provocaram lutas sociais que acarretaram um grande distanciamento entre as classes e a sujeição, pela violência, dos segmentos sociais menos privilegiados às elites proprietárias. O trabalho compulsório e a escravização por dívidas eram o inevitável destino das camadas populares.
Nas relações entre as cidades, as disputas territoriais, hidráulicas, rivalidades políticas e invasões estrangeiras originaram períodos de hegemonia política e dominação unificada que fizeram da antiga Mesopotâmia uma verdadeira sucessão de hegemonias que analisaremos quando chegar o momento de enveredarmos pela História política da região.

A GÊNESE DO ESTADO NA FENÍCIA (Sérgio Cabeça)
A Fenícia, situada no atual território da República do Líbano, era uma estreita faixa de terra comprimida entre áreas planálticas, no leste, e o mar Mediterrâneo, no lado ocidental. Território árido, a não ser em alguns vales onde havia água para alimentar a agricultura, os fenícios foram obrigados a encontrar formas diversificadas de sobrevivência. Povo semita, possivelmente oriundo da Caldéia, os fenícios se fixaram na região por volta de 3000 a.C., dedicando-se inicialmente ao cultivo de videiras, oliveiras, cereais e também à pesca e a um artesanato rústico. A posição geográfica da Fenícia, roteiro obrigatório de caravanas nômades, favoreceu a aquisição de excedentes agrícolas do Egito e de produtos dos povos vizinhos. Pouco a pouco, surgiria uma camada de mercadores, e os fenícios descobririam a sua vocação: o comércio marítimo, facilitado pela presença, nas montanhas, de cedro, madeira ideal para a construção de barcos.
A Fenícia nunca chegou a criar um Estado unificado nos moldes dos que se desenvolveram às margens do Nilo, do Tigre e do Eufrates. Sua estrutura política fundamental e permanente foi a cidade-estado, isto é, republicas urbanas independentes, tais como Biblus, Tiro e Sídon, chefiadas por uma elite mercantil plutocrática que constituiu uma talassocracia, termo que, em grego, significa “elite comercial marítima” (“thalassa:mar”). Devido ao caráter fragmentado do Estado, os regimes políticos variaram de acordo com as épocas e os lugares. Desta forma, encontramos cidades que foram monarquias hereditárias e outras que foram republicas plutocráticas. No caso das monarquias hereditárias o poder era exercido pelo monarca, ligado a elite mercantil, de forma despótica e ilimitada. Nas republicas plutocráticas o governo era exercido por um conselho de anciãos ou juízes (sufetas), geralmente integrado pelos comerciantes ricos. Em todas as cidades da Fenícia, o predomínio sócio-econômico da elite mercantil os levava a ter participação nas decisões do poder.

A AURORA DO ESTADO ENTRE OS HEBREUS (Sérgio Cabeça)
Ao longo da Antiguidade Oriental, período marcado pela criação, às margens dos grandes rios, de dois monumentais impérios (o egípcio e o mesopotâmico), formaram-se também outras civilizações, denominadas de mediterrâneas, que não dispunham de grandes recursos hidrográficos e, portanto, fadadas ao comércio, ao artesanato, ao pastoreio e a uma agricultura de mera subsistência. Umas dessas comunidades foi a hebréia que se estabeleceu na região da Palestina. Essa área, irrigada por um modesto rio, o Jordão, é castigada por um clima quente e solo árido. Somente em alguns poucos campos é possível à criação de gado, fundamentalmente ovinos e caprinos, dada à pobreza da vegetação local. Em função das severas condições climáticas aí prevalecentes, os pastores e seus rebanhos eram obrigados a um constante nomadismo em busca de melhores pastagens. O desenvolvimento da agricultura era mínimo, limitado às áreas ribeirinhas ao Jordão, praticamente desconhecendo excedentes.
O Estado unificado dos hebreus teve origem na Palestina. Como este povo não se originou desta região, para se entender a história da formação do seu Estado, é preciso analisar o período em que, não estando unificado nem estabelecido na Palestina, o povo hebreu realizou uma série de migrações que culminaram na invasão e posterior ocupação do território palestino. Foi exatamente no calor das lutas travadas contra os cananeus e filisteus (habitantes já estabelecidos na Palestina) que se deu a formação e unificação do Estado hebreu.
Antes de chegarem a Palestina, os hebreus estavam organizados em clãs patriarcais e constituíam-se como um povo seminômade, dedicado a criação de gado nos oásis dos desertos. De acordo com a narração bíblica (Livro do Gênese), tribos lideradas por de Abraão, primeiro patriarca dos clãs hebreus, deslocaram-se de Ur, no sul da baixa mesopotâmia, para Haran (noroeste da Mesopotâmia) e daí até a palestina após serem convertidas ao monoteísmo de Iavé, religião que teria sido revelada a Abraão pelo próprio Iavé. Ao se estabelecerem na Palestina, os Hebreus dividiram-se em várias tribos, ocupando os vales férteis ao norte e as zonas montanhosas do sul.
Analisando a narrativa do velho testamento, principal fonte utilizada para o resgate da historia hebréia, após o patriarcado de Isaac, durante a vigência da chefia de Jacó, na primeira metade do segundo milênio a.C., uma parte das tribos migrou para o Egito, fugindo da fome e da guerra, e estabeleceu-se em uma região do delta do Nilo. Nos 400 anos em que estiveram no Egito, alguns hebreus conseguiram ocupar altos cargos administrativos – como se conclui da história de José – em aliança como os Hicsos, povo invasor que havia ocupado a maior parte do país antes da chegada dos hebreus. Após a expulsão dos Hicsos, a reação nacionalista que possibilitou a retomada das dinastias egípcias, levou a escravização dos hebreus que abandonaram o Egito e retornaram a Palestina sob a liderança de Moisés.
“O período que abrange desde a migração do clã de Abraão e o estabelecimento dos hebreus na Palestina até o êxodo, ou saída dos hebreus do Egito, é denominado período dos patriarcas. Os patriarcas foram condutores das tribos hebraicas e, ao mesmo tempo, sacerdotes, juízes e chefes militares. (...) com o episódio do êxodo começou a busca de uma organização política e uma base territorial para o povo hebreu. Segundo a bíblia, Moisés teria recebido essa missão do próprio Iavé juntamente com o decálogo (os dez mandamentos). (...) Depois da morte de Moisés, os hebreus, ao se localizarem na Palestina, tiveram que travar guerras principalmente contra os filisteus, povo guerreiro que ocupava o litoral do Mar Mediterrâneo”. (AQUINO, Rubim Santos Leão de. OP. CIT. p.132.).
Segue-se a morte de Moisés o período dos juizes. Os juizes eram chefes militares, cuja autoridade tinha fundamentação religiosa. Diziam-se enviados de Iavé para comandar o povo hebreu. A conquista da Palestina iniciou-se sob o comando de Josué, que tomou a cidade de Jericó. Sucederam-se outros Juizes destacando-se Gedeão, Sansão e Samuel, sendo este o último deles.
A unidade política dos hebreus ocorreu por volta de 1000 a.C., com a centralização do poder sob a monarquia. O primeiro Rei, ungido por Samuel, foi Saul da tribo de Benjamin.

A ORIGEM DO ESTADO ENTRE OS PERSAS (Sérgio Cabeça)
Entre a Mesopotâmia e o Mar Cáspio, localiza-se o Planalto do Irã. Apesar de ser, em boa parte, uma região desértica e marcada por bruscas elevações, a área foi ocupada, por volta de 2000 a.C., por povos “indo-europeus”, originários do Planalto do Cáucaso. Esses povos árias dividiam-se em medos, que se estabeleceram no norte, e persas, fixados no sul. A união das duas nações gerou uma das maiores potências da Antiguidade Oriental: o Império Persa, cujos domínios chegaram a abranger a Mesopotâmia, a Palestina e a Fenícia, quando de sua expansão para o Ocidente, e, na Ásia Menor, a Anatólia. Em 550 a.C., Ciro, um rei persa, venceu os medos, tomou sua capital, Ecbatana, fundando o Reino da Pérsia. Nascia, nesse momento a Dinastia Aquemênida, expressão das expansionistas elites persas, desejosas de territórios e riquezas. Além disso, “A vitória de Ciro acelerou o desaparecimento das sobrevivências do regime de comunidade primitiva existente nas tribos do planalto do Irã. A divisão em castas acentuou-se. As conquistas estimularam a escravidão. À testa do novo Estado estava um monarca ao qual todas as tribos do Irã estavam submetidas”. (DIAKOV, V. e KOVALEV, S. HISTÓRIA DA ANTIGUIDADE. Edições em língua estrangeira, Moscou, 1980, p.236).
Ótima revisão Galera!!!
Sérgio Cabeça

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Agricultura, Sedentarização e Civilização.
A afirmação de que a invenção da agricultura pelos homens do Neolítico foi fundamental para o processo de sedentarização tornou-se lugar comum entre os historiadores. No entanto, mais que isso, é primordial para o vestibulando entender a complexidade das transformações que este processo envolveu, a revolução neolítica em si, e suas contribuições para a construção do chamado mundo civilizado. Este primeiro tema destina-se a concretização deste objetivo.
Durante o período paleolítico, os homens praticaram uma economia coletora de alimentos. À medida que começaram a cultivar plantas e a domesticar animais, tornaram-se produtores de alimentos, ou seja, passaram a exercer o controle sobre o abastecimento da sua alimentação. Este fato representou uma profunda transformação econômica com importantes conseqüências para a perpetuação da espécie e, por isso, é chamado de Revolução agrícola ou revolução neolítica.
Uma primeira afirmação é aquela que reconhece na revolução neolítica o aumento considerável do domínio do homem sobre a natureza, embora, durante muito tempo ainda, a caça continuasse completando o abastecimento promovido pela agricultura. Foi a concretização desse domínio que criou as condições para que, lentamente, o homem pudesse se moldar enquanto ser menos dependente da natureza, reduzindo progressivamente a necessidade das migrações. Assim, no oriente próximo (que é o nosso objeto de estudo nesta unidade) a base da economia das sociedades que ali se desenvolviam foram as culturas do trigo e da cevada.
Segundo o historiador norte-americano Edward McNall Burns,
“Em muitos sentidos, a nova idade da pedra foi a mais importante na História do mundo até então. O nível do progresso material atingiu novas culminâncias. As populações neolíticas exerciam melhor controle sobre o meio ambiente que qualquer de suas predecessoras. Tinham menos probabilidade de perecer devido a mudança das condições climáticas ou porque viesse a escassear parte de seus recursos alimentares. Essa vantagem decisiva resultou, sobretudo, do desenvolvimento da agricultura e da domesticação de animais. (...) O cultivo da terra e a manutenção de rebanhos e manadas proporcionavam-lhes fontes muito mais seguras de alimentos e, em certas épocas, até lhes garantiam um excedente. O desenvolvimento da agricultura, uma das mais importantes dentre todas as transições da História humana, criou condições para a vida sedentária e possibilitou o aumento da população.” (BURNS, EDWARD McNALL. História da Civilização ocidental: do homem das cavernas as naves espaciais / EDWARD McNALL BURNS, ROBERT E. LERNER, STANDISH MEACHAM; São Paulo: Globo, 2003, p.11).
A invenção da agricultura implicou a reinvenção econômica da sociedade. Mesmo com o nível econômico continuando a ser o da subsistência, já era possível a produção de excedentes, raros e ocasionais, que eram trocados ou consumidos nas festas religiosas ou ainda armazenados. Numa economia produtora, podem-se fazer previsões da produção – o que é um diferencial em relação a uma economia coletora – tornando-se isso uma necessidade na medida em que a população aumenta.
O crescimento demográfico foi outra mudança importante. O cultivo da terra, paralelamente a domesticação de animais, possibilitaram a melhoria das fontes de alimentação aumentando a expectativa de vida e reduzindo o perigo de morte em atividades que, a exemplo da caça, contavam a época com pouquíssimos insumos tecnológicos. Neste quadro, foi o crescimento populacional que impulsionou o surgimento de uma sociedade mais complexa. Contudo, o cultivo da terra e a domesticação de animais não acarretaram uma imediata sedentarização. O método primitivo de cultivo – cultura da enxada – exauria rapidamente o solo, obrigando ainda a ocorrência de mudanças menos constantes que foram sendo reduzidas na medida em que evoluíram as técnicas de produção, condições de armazenamento e domínio de culturas agrícolas. Mesmos assim, os homens do neolítico já se encontravam organizados em tribos, e não mais em bandos, viviam em aldeias (cabanas de madeira, barro e tijolo) e não mais em cavernas.
Uma condição objetiva que ampliou tenazmente as possibilidades de sedentarização verificou-se nos vales aluvionais onde os homens dependiam das cheias dos rios, que irrigavam plantações e revitalizavam o solo, depositando uma camada de húmus fertilizador. Nessas regiões o agricultor não precisava ser nômade, podendo cultivar permanentemente a mesma área. É consenso entre os historiadores que esta foi uma condição fundamental para o desenvolvimento da sedentarização e até das primeiras civilizações no oriente próximo asiático, notadamente nos vales dos rios Nilo, Eufrates, Tigre e Indo.
Nas aldeias neolíticas, como resultado da fusão entre as atividades agrícola e pastoril, predominou a agropecuária, ou seja, ao lado do cultivo de cereais havia a criação de animais, tais como o cão, bois, carneiros, cabras e porcos. Em algumas comunidades neolíticas providas pela agropecuária, a economia pastoril era dominante e o cultivo de plantas teve papel pouco significativo: é o caso dos beduínos da Arábia e dos mongóis da Ásia central. Nessas, apesar da produção de excedentes percorrer percalços mais complexos, foi importante o intercambio por elas mantido com as tribos predominantemente agrícolas. “A existência de tribos pastoras e agricultoras deu origem às trocas e aos contatos mais freqüentes entre esses produtores, devido à possibilidade de acumulação de excedentes”. (AQUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais / Rubim Santos Leão de Aquino, Denize de Azevedo Franco, Oscar Guilherme Pahl Campos Lopes. – Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 2000, p.68.).
A reinvenção econômica do Neolítico deu espaço ao aperfeiçoamento da divisão do trabalho surgida ainda no Paleolítico. Da possibilidade de fazer reservas derivou a necessidade de fazer potes para armazená-las. O artesanato de potes e vasilhas, obra das mulheres, foi uma característica das comunidades neolíticas. Embora a cerâmica pudesse ter surgido antes da economia produtora, somente na nova idade da pedra houve a produção de potes em quantidades maiores. Além da cerâmica desenvolveu-se, também por iniciativa da mulher, a fabricação de tecidos usando-se o linho, a lã e o algodão – Inventou-se o tear, avanço significativo para os meios de produção da época. A divisão do trabalho entre sexos na comunidade primitiva foi precisamente ampliada. Os homens caçavam, pescavam, cuidavam dos rebanhos, preparavam os campos de cultivo, faziam suas ferramentas, enquanto as mulheres cultivavam as plantas, além de dedicar-se a cerâmica e a fiação e tecelagem. Até este momento não havia ainda, propriamente, uma especialização do trabalho mas o processo de sedentarização humano já estava sedimentado e a História seguiria o seu curso da barbárie à civilização.
O Surgimento da civilização no antigo oriente
A revolução neolítica transformou as comunidades humanas que evoluíram e passaram a produzir o seu próprio alimento – passaram a viver da agricultura e não mais somente da caça, da pesca e da coleta. Ainda nesse momento toda produção era um bem comum, coletivo, pois se produzia o estritamente necessário à sobrevivência do grupo. Essa situação, contudo, começou a se modificar no momento em que os grupos humanos dotados de melhores técnicas de produção, passaram a produzir mais que o necessário a sua sobrevivência, um excedente econômico. Todas as comunidades neolíticas viveram este processo, não exatamente no mesmo momento, nem exatamente da mesma maneira. Sua evolução dependeu das características do meio e das necessidades, muitas vezes criadas pela própria cultura do grupo. O certo é que dois caminhos distintos foram seguidos: No oriente próximo, o das sociedades de regime de servidão coletiva, no ocidente, na Grécia e em Roma, o das sociedades escravistas. Interessa-nos, neste momento, o primeiro caminho citado.
As populações que habitavam a região do vale do Nilo, do Tigre e do Eufrates e da bacia do Indo desde cedo produziram grandes obras hidráulicas. Os trabalhos coletivos que essas obras (construção de diques, drenagem de pântanos, canais de irrigação) exigiam tenderam a consolidar uma organização social e centralizar a economia: impunha-se uma direção única condução dessas complexas tarefas. Sentiu-se também a necessidade de se garantir o fornecimento de matérias-primas (madeira, pedra, cobre, etc.) através de um sistema de trocas ou de comércio onde o excedente agrícola abundante (em populações com alto índice de fertilidade do solo) era trocado pelas matérias-primas buscadas e servia para o abastecimento dos grupos de mercadores, transportadores e artesãos especializados que não mais participavam da produção de alimentos. Com o tempo surgiria a necessidade de soldados, para a proteção às caravanas, de escribas que registravam as transações comerciais e outros funcionários que desempenhavam diversos papeis na administração pública. Todas essas mudanças caracterizam um processo histórico conhecido como revolução urbana, que nos legaria uma sociedade baseada na propriedade dos meios de produção, na desigualdade social e no Estado.
No oriente próximo o progressivo desaparecimento do comunitarismo primitivo correspondeu ao aparecimento do sistema de servidão coletiva. No Egito e na Mesopotâmia, por exemplo, a propriedade efetiva das terras cabia as comunidades camponesas – isto é, os trabalhadores das aldeias usavam a terra e dividiam coletivamente o fruto do trabalho. A centralização exigida pela construção das obras de irrigação criou o Estado e o poder de dispor da terra passou para as mãos de um grupo de dirigentes: no Egito, um monarca e, na Mesopotâmia, um corpo de sacerdotes. Um e outros legitimavam o seu poder através do discurso religioso que divinizava os governantes – o Estado Teocrático. As terras pertenciam ao Estado que, através de sua numerosa e complexa burocracia, recolhia o imposto coletivo, ou seja, uma parcela da produção das comunidades aldeãs e o trabalho compulsório na construção de grandes obras públicas. O Estado regulava centralizadamente as atividades econômicas: planejava a produção, distribuía o excedente, realizava o intercambio comercial – era o centro acumulador das riquezas. O Estado e os grupos que o dirigiam tinham meios eficazes de obrigar os camponeses ao pagamento dos impostos: controlavam o uso da força e o fornecimento de água as comunidades aldeãs. Assim, nas sociedades asiáticas constituiu-se um novo modo de produção, O MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO, sustentado pela SERVIDÃO COLETIVA da massa camponesa.
A nova divisão do trabalho que foi imposta pelos grupos dominantes no novo modo de produção, originou uma sociedade rigidamente hierarquizada em castas. A casta dominante era constituída pelo núcleo dirigente do Estado (monarca, família do monarca, sacerdotes, altos funcionários, administradores de terras, governantes de províncias e cúpula militar). O grupo intermediário era constituído pelos mercadores, artesãos especializados e soldados profissionais; a massa da população era formada pelos camponeses, obrigados à servidão coletiva, pagando impostos em produtos e trabalhos ao Estado, e por um numero menor de escravos (prisioneiros de guerra – trabalhos nas minas e domésticos, nos templos e palácios).
Uma visão mais urbanista do processo histórico que acabamos de narrar poria ênfase na questão do surgimento das cidades. Duas grandes correntes de pensamento procuram explicar a origem das cidades: para uma delas a origem estaria no comercio – as cidades teriam nascido como centros de troca. Para a outra, seria a guerra – a cidade como uma fortaleza, uma muralha de proteção contra inimigos presentes e futuros. Como ambas as teorias estão fundadas em escavações arqueológicas, existem algumas certezas: para o Egito, no inicio, as cidades teriam funcionado como centros de troca e pólo aglutinador de camponeses que realizavam o trabalho agrícola e construíam as obras de irrigação. A situação geográfica da Mesopotâmia (região de transição de fácil acesso), sua condição impar de oásis e uma historia marcada por alternâncias de dominações encaminharam as escavações que apontaram casos em que a guerra foi decisiva e outros em que o comercio foi o fator fundamental. Há uma relação de complementaridade entre essas teorias.
Chegamos a este ponto – a aurora da civilização. As sociedade humanas cresceram, adquiriram maior complexidade, fundaram Estados organizados, construíram obras hidráulicas, templos, palácios e se estratificaram socialmente. A civilização também deu origem a capacidade de se organizar para empreendimentos destrutivos: as guerras. Por meio da disciplina, do treinamento de grandes massas humanas como unidades, a guerra foi uma invenção especial da civilização. Coube a guerra, aos homens que fizeram a guerra, o papel de ampliar o alcance das características que definiram o mundo como CIVILIZAÇÃO: A propriedade, A desigualdade, O Estado e, finalmente, os códigos de escrita.
Sérgio Cabeça